Especialista lança livro que desmistifica o conceito de inovação
Lino Nader é um profissional com mais de 17 anos de experiência de mercado, é cofundador da Khanum Consultoria em Inovação, Bananas Ventures, Big Idea Startup, Trend House Technology e Toth Agency. Possui graduação em Direito pela Universidade de Franca, tem pós-MBA em Neurobusiness pela Fundação Getúlio Vargas, especializações em Gestão da Inovação pela Erasmus Universiteit Rotterdam, Metacognição e Aprendizado pela Universidade de San Diego, Neuromarketing e Neurociência do Consumidor pela Copenhagen Business School, Design Thinking Action Lab pela Universidade de Stanford e Screenplay pela Academia Internacional de Cinema. Coembaixador e mentor de Chapter da Singularity University, ministra workshops e palestras sobre Neuroinovação, Design Thinking 2.0, Criatividade Produtiva e Inovação Corporativa.
Para falar sobre a desmistificação do conceito de inovação entre outros temas que eu entrevistei, Lino Nader.
O que levou vocês a produzirem uma obra que questiona as soluções inovadoras como sendo um modismo?
R: O que nos motivou a escrever a obra sobre inovação, foram nossas próprias experiências referentes ao comportamento de grande parte desse mercado, que sempre tentou arduamente alcançar resultados praticando metodologias inovativas. Notamos que, de forma generalizada, os resultados eram insatisfatórios ou demorados. Muitas áreas dedicadas à inovação foram criadas nas empresas e da mesma forma que vieram, se foram. E não há culpado nessa história, o que existe é muita falácia no universo corporativo, além de muitos métodos e ferramentas que, na prática, não funcionam. Com isso, resolvemos levar para o mercado, nossa visão e experiência de anos lidando com corporações de diversos segmentos, junto à nossa forma de gerar resultados com inovação. A obra não se trata de um guia propriamente dito, no entanto, ela traz, de forma empírica, os bastidores das boas práticas legítimas para se gerar resultados com projetos de inovação.
Quais são os principais aspectos relacionados à desmistificação e ressignificação no conceito de inovação na atualidade?
R: A grande maioria do mercado entende que inovação corporativa é simplesmente conectar empresas a startups. Não estamos ressignificando o conceito da inovação; o que propomos com essa obra é ressaltar a importância de se atentar aos outros aspectos que compõem o melhor formato para se alcançar o sucesso. A prática da inovação não se resume apenas a uma metodologia, mas sim, a um conjunto de hábitos, fundamentos, premissas, regras, ferramentas, ações e comportamentos, que unidos, se tornam uma poderosa fórmula para executar uma prática perfeita e gerar resultados esperados.
Como vocês definem a palavra inovação e qual o público-alvo do livro?
R: Quando se fala em inovação, muitas pessoas assimilam o tema com tecnologia, mas de forma simplificada, inovar é criar algo novo ou melhorar algo existente, seja, produto, serviço, processos, negócios ou experiência, que tenha valor percebido para quem fora criado. Ou seja, de nada adianta, gerar novidades no mercado, se o coeficiente de valor das personas afetadas não for tocado. Ressaltamos ainda, que, em se tratando de inovação corporativa, a criação deve gerar resultados financeiros à instituição, razão pela qual muitas iniciativas caem em descrédito por tentarem buscar inovações disruptivas que, em sua maioria, demandam um ciclo maior de tempo, não são completadas e consequentemente não são atraentes financeiramente. O livro se destina a empresários, executivos de empresas, líderes de inovação, COOs, CIOs, CEOs, profissionais de TI e administração, empreendedores, professores, estudantes; enfim, todos os que têm o desafio de entender e implantar uma cultura de inovação em seus ambientes.
Quais são as inovações apresentadas no livro que possuem eficácia efetiva?
R: O livro não retrata as inovações hypes ou tecnologias que impactaram o mundo contemporâneo. A obra apresenta uma série de aspectos, que, ao serem seguidos, maximizam as chances de se obter resultados. Costumamos dizer que, em projetos de inovação, sabemos como começar, sabemos por onde ir, sabemos como seguir e projetamos aonde queremos chegar, porém, no decorrer do trajeto, o percurso pode e deve se permitir pivotar quantas vezes forem necessárias, dado à agilidade metodológica e nuances oriundas das características da sua novidade. Devemos quebrar as regras na fase de criatividade e levante de oportunidades e, por outro lado, a disciplina é indispensável para conseguir manter os processos na etapa de execução. Alguns aspectos importantes devem ser contemplados para alcançar uma inovação eficaz: ter uma liderança atóxica, neutralizar os “anticorpos organizacionais” (pessoas resistentes às mudanças), ter processos bem definidos, buscar conhecimento fora dos muros da corporação, dedicar tempo à inovação, saber o timing do “go to market”, ficar por dentro das tecnologias exponenciais, entender as personas internas e quais ações de cultura aplicar, implantar metodologias inovativas, entender a curva de adoção dos usuários, ter uma equipe campeã, criar ambientes descontraídos com biofilia (ambientes que conectam seres humanos com a natureza, promovendo bem-estar e conforto emocional), incitar a criatividade, e por fim, ter propósito em linha com a estratégia da empresa.
Quais as influências do processo de globalização no conceito de inovação?
R: O mundo vivenciou um boom de soluções, principalmente das bigtechs, a partir da era das startups e venture capital. Anteriormente as buscas por inovações se concentravam nos amplos centros de pesquisa e desenvolvimento das grandes empresas – era raro uma pessoa se destacar, alcançar escala e sucesso por meio de uma ideia abstrata. Tudo se resumia em inventores avulsos, que, com muita dificuldade, conseguiam evoluir sua solução. O modelo aplicado no Vale do Silício, em Palo Alto, na California-EUA, em parte, acabou se espalhando para o mundo inteiro e hoje vivenciamos inúmeros polos de inovação espalhados ao redor do globo. A única coisa que ainda não se replica fielmente, é a integração consolidada entre, startupeiros, investidores ativos, universidades renomadas e grandes empresas concentradas no mesmo raio regional. No Brasil, a inovação começou tímida depois dos anos 2000, foi conquistando espaço e, somente após uma década, ganhou o holofote das grandes corporações. Como toda ferramenta ou metodologia que é introduzida no mercado, a inovação, antagonicamente às outras, se tornou uma promessa de resolução de problemas no mercado corporativo. Hoje o Brasil se tornou celeiro de soluções e um dos mercados mais importantes no cenário da inovação mundial.
Existe alguma inovação na prática que funcione? Quais e como?
R: Toda ideia pode se tornar um projeto inovador e todo projeto inovador pode se tornar uma grande solução inovadora, desde que gere valor percebido ao usuário final. No mundo corporativo, ao contrário do que se pensa, existe o que chamamos de inovação regionalizada, ou seja, o que é inovação para a empresa, pode ter sido inovação para o mundo em outros tempos. Vejam bem, se a corporação começa a printar peças por meio de impressora 3D, está sendo aplicada naquele momento, uma inovação em âmbito corporativo, mesmo que essa novidade tenha sido apresentada ao mundo, há tempos. O Elon Musk, por exemplo, escolhe investir em projetos que resolvem problemas globais, como projetos de biotecnologia, que buscam maneiras de prolongar a vida humana; internet of people, que conecta o cérebro às máquinas e recupera movimentos em paraplégicos; satélites que possibilitam o acesso à internet ao mundo todo; mobilidade urbana com veículos elétricos etc. Em suma, esses são exemplos de inovação que funciona – cumprem o papel de fazer valer a percepção de valor do usuário a ponto dele adotá-la ou adquiri-la.
Como as pessoas poderão adquirir o livro pela internet?
Através da livraria Travessa. Aqui. Através da livraria do mercado. Aqui. Ou por meio dessas páginas. Acesse aqui. Americanas.com.br. Aqui ou pela Amazon. Aqui.