REVIVENDO A HISTÓRIA – Renato Russo

RENATO RUSSO

Renato Manfredini Júnior — ou, simplesmente Renato Russo — nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de março de 1960. Morou na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade, até seus seis anos de idade quando se mudou com a família para Nova York. Foi apenas em 1973, bem no início da adolescência, que Renato chegou em Brasília com sua família. Até entrar de vez no mundo da música. Muito ativo e dinâmico, Renato fez de tudo um pouco: desde estudar inglês e, se tornar professor do idioma, até trabalhar como locutor numa rádio, apresentando programas de jazz e sobre os Beatles.

Aos 13 anos, de volta à Brasília, Renato estudava e levava uma vida típica dos adolescentes de classe média da Capital Federal. Quando, entre os 15 e 16 anos, enfrentou uma rara doença óssea, a epifisiólise, que o deixou por um período entre a cama e a cadeira de rodas. Já nesta época criava bandas e movimentos imaginários. Começou também a compor letras e músicas compulsivamente em casa.

Em seguida formou a banda Aborto Elétrico, em 1979. Em 82 abandonou o Aborto Elétrico e passou a fazer trabalhos solos. Neste período ficou conhecido como “O Trovador Solitário”.

A Legião Urbana surgiu quando Renato se juntou a Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná (Hoje conhecido como Kadu Lambach) e Paulo ‘Paulista’ Guimarães, ainda em 1982. Ico-Ouro Preto também tocou guitarra em poucos shows do início da banda. No ano seguinte, Paulista e Paraná deixam a formação original e Dado Villa-Lobos assume a guitarra.

Uma gravação demonstrativa chegava às mãos de executivos da EMI-Odeon, no Rio de Janeiro. Nesta fase, a banda contou com o importante apoio de Herbert Viana, do Paralamas do Sucesso, que tinha sido contratada pela gravadora e já os conhecia e admirava. Assim, a Legião Urbana foi contratada para lançar seu primeiro álbum, que foi produzido em 1984 e lançado nos primeiros dias de 1985. Momentos antes dessa gravação, o músico Renato Rocha, o “Negrete”, passa a integrar a banda como baixista, posto antes ocupado por Renato Russo. A partir dali nasceriam discos marcantes e grandes sucessos.

Em 1993 Renato iniciou a carreira solo e lançou The Stonewall Celebration Concert (1994), disco de ‘militante’, cujo nome é referência ao bar nova-iorquino onde, em 1969, gays se rebelaram contra a ação política. O álbum ‘Stonewall’ também é uma homenagem ao seu ex-namorado, então recém-falecido, Scott, e continha músicas de Madonna e Bob Dylan, entre outros.

No ano seguinte lançou Equilíbrio Distante (1995), interpretando canções italianas, cuja sonoridade (combinada à sua descendência), Renato gostava muito. O disco apresenta sucessos como Strani Amori, La Solitudine e La Forza Della Vita. Segundo o próprio Renato, o álbum foi feito em homenagem à sua família.

EGEU LAUS – Designer das Capas dos CDs para Renato Russo

Egeu Laus é responsável pelo projeto gráfico de todas as capas de discos-solo de Renato Russo e dezenas de outras, bem como para a banda Legião Urbana.

É designer por formação. Foi Diretor de Arte da Gravadora EMI Music onde trabalhou por mais de 11 anos. Em sua carreira como designer gráfico, ele trabalhou com artistas de renome, como Paul McCartney, João Gilberto, Luiz Melodia, Zé Keti, Guilherme de Brito, Déo Rian, Trio Madeira Brasil, Dori Caymmi, Pixinguinha e Renato Russo; e bandas de grande projeção, como Os Paralamas do Sucesso e Legião Urbana.

Atualmente é assessor de Economia Criativa na Secretaria de Cultura e Turismo de Duque de Caxias. É também coordenador de Rede Caxias Criativa, coletivo de inovação e criatividade no município.

Dentre suas atuações coordenou e foi ponto focal da candidatura do município a participar da Rede de Cidades Criativas da Unesco, redigindo o dossiê enviado a Unesco.

É autor de capítulo sobre Capas de Discos no Livro O Design Brasileiro antes do Design da Editora Cosac Naify.  Pesquisador de Memória Gráfica Brasileira, Música Brasileira e Cultura Material.

Como pesquisador, Egeu iniciou seus trabalhos a partir de 1990 e montou um acervo de trabalhos de música brasileira de produções datadas desde a década de 1950 com cerca de 300 discos. Suas pesquisas também são direcionadas para Memória Gráfica Brasileira sobre capas de discos, livros e rótulos de cachaça, o que lhe permitiu acumular 200 rótulos em papel e mais de 2 mil rótulos em formato digital.

Laus organizou diversas exposições sobre sua pesquisa “História da capa de discos no Brasil”, além de escrever sobre suas pesquisas em publicações especializadas e em jornais e revistas. Publicou em 2005 o capítulo sobre o início das capas de discos no Brasil no livro “O Design Brasileiro antes do Design” organizado por Rafael Cardoso e publicado pela Editora Cosac Naify. Em 1994 escreveu o ensaio “A Capa de Disco no Brasil: Os Primeiros Anos”, na revista da ESDI, sendo pioneiro nesse tipo de publicação no país.[5] Também colaborou com verbetes para a Enciclopédia de Música Popular (edição Folha de SP/Itaú).

Egeu, nasceu em Blumenau em 1951 morou em Caçador, Itajaí e Florianópolis. Atualmente vive no Rio de Janeiro há 50 anos.

CAPAS E ARTE

1994

Primeiro disco solo de Renato Russo, gravado entre fevereiro e março de 1994, é interpretado totalmente em inglês – um impecável inglês, aliás, do ex-aluno e ex-professor da Cultura Inglesa. Renato Russo não é autor de sequer uma obra. É somente o intérprete. O álbum foi uma homenagem aos vinte cinco anos da Rebelião gay de Stonewall em Nova Iorque.


1995

Equilibrio Distante:
É o segundo álbum solo de Renato Russo, lançado em dezembro de 1995. Consiste de regravações de canções em italiano, lançadas originalmente por cantores do país europeu. O álbum foi preparado ao longo de nove meses (sem contar pré-produção, mixagem e masterização), num período conturbado para Renato, que convivia com a depressão àquela altura de sua vida. Atingiu a marca de 200 mil cópias vendidas pouco após seu lançamento.

De ascendência italiana, Renato Russo fez jus ao ‘Manfredini’ de seu sobrenome ao gravar o segundo álbum solo, “Equilíbrio Distante”, com todas as músicas naquele idioma. Renato apresentou o projeto à EMI e a gravadora o enviou à Itália. Com o repertório já definido, Russo descobriu mais sobre a cultura italiana.

A capa do disco mostra desenhos de Giuliano representando o Pão de Açúcar, o Estádio do Maracanã, o Coliseu e a Torre de Pisa (grafada como Torre de Pizza). Participaram do disco músicos de renome, como o baixista Arthur Maia, e Bruno Araújo (que fez parte da banda de apoio da Legião Urbana na turnê “As Quatro Estações” e gravou o baixo no álbum “V”), além do arranjador e tecladista Carlos Trilha.

A capa do disco é formada por desenhos de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo (quando tinha seis anos de idade naquela época), em papel texturizado. Elas mostram o Pão de Açúcar, o Estádio do Maracanã, o Coliseu e a Torre de Pisa (grafada como “Torre de Pizza”).

O encarte veio em forma de livreto (ideia de Renato), com letras capitulares inspiradas na grafia do século XIX, fotos de antepassados de Renato e imagens que retirou de suas pesquisas. O diretor artístico Egeu disse que aquela foi a primeira vez que um álbum brasileiro saía com um projeto gráfico desses. Só havia uma gráfica no Rio de Janeiro com equipamento para imprimir o encarte daquela forma.

1996

Com quatro milhões de discos vendidos em todo Brasil até o ano de 1995, a Legião Urbana ganhou a remasterização de sua obra no Abbey Road, na Inglaterra, e lançou a lata “Por Enquanto – 1984/1995”. Renato tinha recém-lançado dois discos solo — “The Stonewall Celebration Concert” e “Equilíbrio Distante”– e o sétimo álbum da Legião Urbana viu as lojas em setembro de 1996. O disco imprimia tons tristes e um clima de despedida. Produzido por Dado Villa-Lobos e a banda, inicialmente seria duplo. Gravado no estúdio AR (Barra da Tijuca – RJ) com auxilio de Tom Capone, teve vozes guias e primeiros takes como definitivos. “Soul Parsifal” é uma parceria inédita dele com Marisa Monte, e “1º de Julho” foi composta em 1994 para Cássia Eller e o filho que a cantora esperava. Renato Russo escolheu “A Via Láctea” como single e um mês depois do lançamento se despediu da vida. Apesar do clima, “1º de Julho” e “L’Avventura” também tocaram nas rádios. Foram vendidos mais de meio milhão de cópias.

1997

Lançado um ano após a morte de Renato Russo, o disco traz oito canções que não entraram nos dois discos solo anteriores – e uma faixa interativa com o videoclipe de Strani Amore, o single do segundo CD solo

A Ilustração de flores na capa do CD “O Ultimo Solo” é um criação da irmã de Renato, Carmen Teresa Manfredini.

2003

Sete anos após sua morte, novo álbum é lançado pela EMI com achados inéditos nos arquivos de Renato Russo. O disco foi concebido pela gravadora para o aniversário de nascimento de Renato e, por isso, ganhou o nome de “Presente”.
A ilustração do CD “Presente” foi obra do próprio Renato Russo, antes de morrer.

MORTE DE RENATO RUSSO

Renato Russo morreu na madrugada de 11 de outubro de 1996 por conta de doença pulmonar obstrutiva crônica, septicemia e infecção urinária — consequências da AIDS. Renato tinha HIV positivo desde 1989, mas nunca assumiu publicamente a doença.

Fonte: Renato Russo Oficial
Foto Destaque: Divulgação (acervo de Egeu Laus)