Do “menino do fundão” ao CEO: a história de superação que hoje inspira empreendedores em todo o país
Da infância marcada por bullying em Barueri à criação de uma holding com sete empresas, executivo transforma a própria superação num movimento para ajudar outros a encontrarem o seu espaço no mercado.
Ele cresceu a sentir-se deslocado. Barueri, na Grande São Paulo, guardava memórias difíceis para Filipe Bento — as provocações diárias na escola, o silêncio forçado, as limitações financeiras da família. “Eu era o menino do fundão e sofria provocações constantes. Sentia-me excluído e calei-me por muito tempo”, recorda.
Duas décadas depois, o cenário mudou por completo. Hoje CEO de um grupo multimilionário com sete empresas, residente em Florianópolis, Filipe regressa regularmente à cidade onde cresceu para fazer aquilo que um dia desejou receber: ajudar empreendedores a encontrarem o seu lugar no mundo dos negócios. “A cidade onde eu me sentia invisível é agora o lugar onde quero construir novas histórias, de quem também sonha em mudar de vida”, afirma.
O início de tudo
Desde cedo percebeu que ultrapassar limites faria parte do seu percurso. “As dificuldades tornaram-se combustível para buscar uma melhor condição de vida”, diz. E foi a tecnologia que abriu a primeira porta.
Nos anos 90, recebeu do pai um livro de HTML — presente simples, impacto gigante. “Passei a dedicar horas a tentar fazer sites funcionarem. Aos 17 anos, consegui meu primeiro emprego numa empresa de software na Berrini, em São Paulo.” A partir dali, acumulou experiências em tecnologia até chegar à Record TV, no Rio de Janeiro, onde integrou o núcleo de teledramaturgia. Liderou equipas, implementou sistemas e fez a engrenagem técnica da produção funcionar. “Foi intenso. Eu cuidava de sistemas de gestão e precisava fazer tudo rodar”, lembra.
Empreender para romper o “sempre foi assim”
Mesmo com estabilidade, o desejo de empreender falou mais alto. Para Filipe, empreender era enfrentar crenças limitantes, desafiar o medo e reconstruir a própria identidade profissional. “Achei que sabia tudo, mas descobri que ser bom tecnicamente não é saber gerir uma empresa.” A primeira tentativa, uma agência de marketing, faliu. E doeu.
Mas a queda virou ponto de viragem. Ele abriu uma nova empresa, agora focada em tecnologia e num software russo de gestão empresarial. Começou a produzir conteúdos simples sobre a ferramenta — vídeos com iluminação e áudio precários, mas com utilidade. Aos poucos, conquistou audiência. E, quando percebeu, tinha uma empresa. A BR24 tornou-se um dos principais parceiros mundiais do Bitrix24, acumulando prémios e reconhecimento.
A mudança de chave e a criação de um ecossistema
Com o crescimento, Filipe diversificou. Criou soluções tecnológicas, estruturou uma empresa de educação para empresários, uma aceleradora de startups e uma companhia dedicada a conselhos consultivos. Nascia o Atomic Group. “Hoje temos 50 pessoas no time e centenas de empresas a passar pelos nossos programas. Quero ajudar empreendedores que estão onde eu estive: sozinhos, sem orientação, com medo de errar, mas com uma vontade enorme de vencer.”
Agora, aos 40 anos, olha para trás com clareza. “Consigo enxergar onde estava aos 30 e como poderia ter sido mais rápido se tivesse alguém para me mostrar o caminho.”
É esse olhar que guia os programas de mentoria criados por ele, focados em donos de pequenas e médias empresas. “Quero ver histórias mudarem. Porque, quando transformamos um pequeno empresário, transformamos toda a cadeia — funcionários, famílias, comunidades.”


















































