O livro está de volta, “com força total”, diz autor e ilustrador pernambucano André Neves
Presença desta quarta na programação da Feira do Livro de Joinville
“Agora é torcer para o tempo recuperar o tempo”, diz o ilustrador e escritor pernambucano André Neves, sobre os momentos menos ensolarados dos últimos anos, temperados por uma pandemia que praticamente paralisou o setor cultural brasileiro, sobretudo o literário. “Perdemos muitas conquistas.
O setor enfraqueceu, atingindo o leitor e a cadeia criativa. Agora, voltamos a passos lentos, mas com força total. Porém, precisamos estar atentos. É preciso entender os efeitos da pandemia na economia brasileira e as ações políticas que mudaram e podem mudar o cenário cultural de forma brusca. Para que isso não se repita.”
O bate-papo com André Neves na programação da 19ª Feira do Livro de Joinville, “Ler Palavras e Imagens”, tem sessão dupla: às 9h10 e às 14h30 desta quarta-feira, 7 de junho.
Autor que se dedica integralmente a escrever e desenhar para crianças, André sublinha a importância de se comunicar com seu público desde muito cedo.
Com o tempo, percebeu que escrever e ilustrar são, basicamente, a mesma coisa. O desafio é justamente associar e harmonizar as duas técnicas.
Ganhador, em 2001, do Prêmio Luiz Jardim, de melhor livro de imagem, reconhecimento da União Brasileira de Escritores, ele conta que quem nasceu primeiro foi o ilustrador. “Contar histórias visuais com sequência narrativa”, resume, sobre seu maior desafio na comunicação com os pequenos.
Nascido e criado em Recife, foi lá que André deu início a uma brilhante carreira que tem nas crianças sua maior inspiração.
“No livro para infância, é necessário entender como unir as duas linguagens, palavra e imagem”, reflete, admitindo que sua raiz pernambucana o remete, sempre, à presença poética de Manuel Bandeira – “tem grande afeto em mim”. Nas artes visuais, Francisco Brennand, Abelardo da Hora, Cícero Dias, Badida, Samico, são nomes que ajudaram a construir o desenhista e ilustrador.
“Assim como na arte do livro ilustrado, todos os ilustradores brasileiros que me antecedem ajudaram-me a formar quem sou”.
À Feira do Livro de Joinville, André traz sua obra mais recente, “Lá Fora”, uma fábula contada por camaleões. “Há muito tempo, em um reino onde não havia cor, todos obedeciam a um imperador que mandava e desmandava à própria vontade.
Entre as ordens, a principal era a de que ninguém podia explorar o lado de fora do reino. Quando um camaleão se arrisca e vê um pouco do que o mundo guarda, encontra surpresas e cores que jamais imaginara existir”, sintetiza o autor.
Para ele, as feiras literárias são grandes movimentos culturais que expandem inúmeras formas de ler o mundo. “Não falo apenas do livro, que, em momentos assim, parece ser protagonista de tantas outras artes que ajudam o ser humano a fazer múltiplas leituras.”
André destaca, ainda, a importância de o país dispor, hoje, de bons nomes à frente do setor cultural. “Temos um olhar mais democrático e popular.
As pessoas que entendem os benefícios do livro e seu conjunto de valores para formar uma sociedade consciente, igualitária e justa.”
A feira prossegue até domingo, no Expocentro Edmundo Doubrawa, com programação variada, palestras, oficinas, contação de histórias, teatro e cinema. Confira em feiradolivrojoinville.com.br/2023/. São 50 estandes de editoras, livrarias e instituições de ensino.
Assessoria de imprensa da Feira do Livro de Joinville.
Jornalistas responsáveis:
Ana Ribas Diefenthaeler
Guilherme Diefenthaeler.