Arquiteta Nathalia Mendes fala sobre Arquitetura afetiva
A construção do nosso lar de acordo com nossa personalidade é muito importante para que a gente se sinta confortável e possamos desfrutar de uma boa qualidade de vida.
Imprimir a nossa história através dos elementos da decoração dos ambientes é fundamental, afinal a nossa casa conta mais sobre nós e sobre as coisas que já vivemos!
Imagine então uma casa inteira criada com base em memórias que podem ser uma verdadeira inspiração para todos os ambientes de sua casa.
Isso é chamado no mercado imobiliário de arquitetura afetiva.
Esse estilo de projetos vem ganhando cada vez mais atenção no mercado e se tornando um diferencial. Aqui convidamos a arquiteta Nathalia Mendes, que tem essa abordagem em seus projetos, para nos contar um pouco mais sobre o assunto!
Confiram!
1- Nathalia quando você descobriu que queria seguir carreira de arquitetura?
Decidi no ano de fazer o vestibular, nunca havia passado pela minha cabeça. Até então a ideia era fazer engenharia. Mas quando de fato parei para pensar se realmente gostaria de fazer aquilo pra sempre, percebi que faltava algo. A engenharia parecia algo “frio” pra mim.
Eu sempre admirei coisas belas, prestava atenção nas casas do bairro, mas nunca percebi que isso podia me levar a uma profissão. Era apenas uma característica minha. No entanto, quando passei a vislumbrar outras possibilidades de carreira e me veio a arquitetura tudo se encaixou! Era a junção do técnico (que havia engenharia) com história, cor, estética…
2- De onde vem a maior sua inspiração para criar os projetos?
A parte mais importante para ter inspiração é ter um olhar treinado. Assim como um músico treina o ouvir, um chefe de cozinha treina o paladar, o arquiteto precisa treinar o olhar. As referências vêm de todos os lugares onde a gente olha. Uma viagem, um restaurante, a paleta de cores de uma paisagem, isso falando sobre as questões estéticas de um projeto. Depois temos também questões de inspiração que partem dos próprios clientes. A história de cada pessoa, pra mim, é algo extremamente inspiradora.
3- Como você define Arquitetura afetiva?
Quando falamos em casa, existe um grupo de pessoas específico que irá viver ali. Portanto, não se trata apenas de seguir uma tendência de decoração, copiar uma referência da internet ou fazer um cenário de casa de novela. A arquitetura afetiva tem o individuo como centro e eu acredito que nossa casa é o melhor lugar do mundo, mas assim como cada pessoa é única, cada casa também é.Então a arquitetura afetiva é voltada para entender e atender aquela família, as necessidades específicas, os gostos, os sentimentos e principalmente a história já vivida e a história que será criada no lar de cada um. Todas essas características vão compor o projeto de alguma forma, é uma arquitetura com significado, propósito, empatia e única.
4- como você se vê daqui a 10 anos?
Profissionalmente me vejo realizando projetos pelo país todo, e talvez fora também, tenho essa vontade de ir além do regional, porque embora não seja possível acompanhar as obras dessa forma, é super possível criar os projetos e desenvolvê-los. Pessoalmente, me vejo com a minha família, em uma casa com grama no quintal e uma varanda gostosa pra receber amigos, crio lares para as pessoas o tempo todo e esse é o lar que eu sonho pra mim.
5- Quando se trata de criar um projeto de uma casa inteira quais são os principais pilares serem considerados logo de início?
Nós temos no escritório uma etapa inicial que é o que norteia todo o projeto, nessa fase fazemos uma série de perguntas ao cliente. Chamamos essa etapa de Briefing e separamos em quatro aspectos: pessoal, funcional, técnico e estético.
Com isso nós abordamos tanto pilares mais subjetivos, como a personalidade dos clientes, sua rotina, seus hábitos, como também pilares objetivos como orçamento e cronograma.
6- Você ajuda o cliente desde o lugar a ser escolhido para a construção?
Escolher o lugar é algo bastante particular, que o cliente precisa estudar não apenas o terreno em si, mas tudo o que envolve a vida dele de se estabelecer ali.
Mas nas questões técnicas, podemos sim oferecer orientação. Por exemplo, sobre legislação, estudo de insolação no terreno, orientar sobre estudo topográfico… enfim, saber se a casa que ele sonha pode ser construída ali exatamente como ele deseja.
7- Qual seu sonho de consumo na arquitetura?
Hoje meu sonho de consumo é fazer uma casa do zero, em frente ao mar.
8- Praia ou montanha o que você se identifica mais?
Praia. Preciso dizer que adoro o friozinho da montanha, mas o mar pra mim é a paisagem natural mais linda de todas! Eu sou uma pessoa mais agitada, gosto de novidades, de mudanças então acho que isso leva a me identificar mais com a praia e o mar, que está sempre se movimentando.
9- como você vê o mercado da arquitetura atualmente?
Vejo as pessoas tendo mais consciência da importância da profissão. Culturalmente, ainda se tem muito o costume de construir e reformar sem auxilio de um profissional, o que quase sempre resulta em desperdícios de tempo e principalmente de dinheiro, mas vejo isso mudando aos poucos.
10- Aos aspirantes a carreira: O que é importante considerar ao escolher esta profissão?
Que é muito trabalho! Desde a faculdade, não é um curso leve. Mas dizer isso não precisa significar que é penoso, é apenas uma realidade. A atualização é constante, tem sempre novidades surgindo, então é preciso ser curioso e atento. Você vai lidar com pessoas, saber que cada um é um é super importante. A forma de lidar com cada cliente será diferente, alguns mais tranquilos, outros menos, faz parte saber conduzir essa dinâmica.
11- Como é sua ligação com a família de que maneira a afetividade marca o seu poder criativo?
Eu sou bastante ligada às minhas raízes. Nasci em uma cidade do interior, saí para fazer faculdade, mas toda minha família ainda mora lá. Carrego comigo um monte de lembranças dos cenários da minha vida: meu quarto, quintal dos avós, casa dos primos… E hoje quando estamos juntos é muito interessante perceber as dinâmicas, o que gostamos de fazer e eu trago muito essa percepção quando crio espaços para outras famílias também.
Quando um cliente me conta sobre a vida dele, isso vira fonte de muita inspiração. Assim como eu tenho memórias da casa onde cresci, os filhos deles também vão se lembrar dessa casa que estamos construindo. Assim como eu me encontro com a minha família na varanda dos meus tios no Natal, a família do meu cliente também vai receber amigos e família na sala de jantar deles. As dinâmicas familiares são únicas e eu amo saber que meu trabalho contribui para criar espaços favoráveis para elas acontecerem da forma mais agradável e memorável.