suicidio

Prevenção ao Suicídio

Busquemos mais a Eros e menos a Thanatos em nossa vida.

Outro setembro que se inicia e como ele uma nova Campanha ao combate a um mal que se espalha de forma silenciosa e voraz. O suicídio é um comportamento complexo, não respeita classe social, raça, credo, cor, sexo, idade etc., invade e toma a todos de forma intensa e destruidora.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos morrem mais pessoas por suicídio que por HIV, malária, câncer de mama, guerras ou homicídios.
 No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou em setembro de 2022 números alarmantes. Entre 2016 e 2021 houve um aumento de cerca de 50% na taxa de mortalidade de adolescentes (15 a 19 anos) e cerca de 45% entre os adolescentes de 10 a 14 anos.
 Houve um declínio nos números de suicídios na Europa, porém aumento na Ásia, América Central e América do Sul.

Apenas 38 países dos 193 no mundo tem estratégias nacionais de prevenção ao suicídio.

Na Psicanálise, o foco são os conflitos internos e a mente inconsciente que são determinantes no comportamento humano. Sob essa visão, podemos tecer que o suicídio é uma resultante de conflitos internos profundos, muitas vezes relacionadas a pulsões de vida (Eros) e de morte (Thanatos).

A prevenção ao suicídio, portanto, envolve a busca pela compreensão e o tratamento desses conflitos internos utilizando ferramentas como a análise de sonhos, associação livre, interpretação da transferência e contratransferência e a hipnose.

A ajuda de um terapeuta capacitado é essencial para o estabelecimento de uma descoberta segura e produtiva para essa pessoa possuidora de conflitos. O terapeuta, inicialmente, deve estabelecer uma relação de confiança e segura, onde o paciente se sinta à vontade para explorar seus pensamentos e sentimentos mais profundos.

É essencial na busca pela prevenção que o paciente se sinta à vontade e faça escolhas conscientes e saudáveis e isso é conseguido através do fortalecimento do Ego. Quando o paciente aprende a lidar melhor com as pulsões vida e morte (Eros e Thanatos) mais consciente e integrada, isso faz que se reduza atos destrutivos, como o suicídio.

Outra questão importante é explorar a motivação subjacente ao suicídio. Onde começam a surgir pensamentos de morte como tentativa de resolver os conflitos internos ou de escapar das dificuldades psicológicas que envolvem a situação. Quando esses pensamentos são analisados, o entendimento do conflito ajuda na descoberta e na solução das raízes do problema, o que leva a reduzir os atos suicidas.

Outra variável importante nessa complexa equação de prevenção é a observância e atenção dos familiares, amigos e das pessoas próximas. Quando percebemos mudanças no comportamento desse indivíduo como: isolamento social, mudanças bruscas de hábitos, humor variável e inconstante, comportamentos destrutivos, falta de zelo próprio, deve-se buscar ajuda profissional e dar apoio à pessoa.

Esse apoio pode vir em forma de palavras amigas e nunca julgamentos, pois a pessoa que passa por essa situação já está em constante e severa avaliação por ela mesma.

A busca pela ajuda terapêutica e profissional é muito importante e ao se deparar com pessoas nessa situação, tente orientar e, acima de tudo, respeitar o espaço e a vontade do indivíduo.

Respeito e afeto são os principais componentes dessa ajuda.

SUICÍDIO – “A vida é a melhor escolha” – Setembro Amarelo 2022.

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), desde 2017 e a pandemia só fez agravar este quadro. Segundo ainda a USP (Universidade de São Paulo), 63% dos brasileiros apresentam algum quadro ansioso e 57% são depressivos. Desta forma, o risco de suicídio é aumentado.

Outro dado alarmante vem do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema único de Saúde), segundo o órgão nos últimos 20 anos o número de suicídios dobrou, passando de 7 mil para 14 mil eventos, praticamente uma pessoa comete suicídio a cada hora. Este número é maior do que o número de mortos em acidentes de moto, no mesmo período.

Como vimos, a pandemia causou um verdadeiro “boom” nos casos de transtornos mentais relacionados à depressão e ansiedade. No mundo o aumento dos casos de ansiedade foi da ordem 25,6% e os de depressão 27,6% em 2020.

A campanha Setembro Amarelo veio para dar ênfase nessa atenção, desde 2014. Infelizmente não são todos os países que investem neste tema, apesar de declararem que o fazem. Apenas 38 países têm políticas relacionadas à prevenção ao suicídio.

O evento suicídio é complexo e depende de vários fatores. Transtornos psíquicos de ansiedade, humor e personalidade (depressão), boderline, bipolaridade, abuso de substâncias entorpecentes estão entre os principais atingidos. Porém problemas com o bullying, perdas afetivas, dificuldades no trabalho, conflitos familiares, doenças terminais ou crônicas podem desencadear ideações suicidas também.

Pessoas que têm ideações suicidas costumam dar sinais e precisamos estar atentos para identifica-los e poder ajudar o quanto antes.

Alterações comportamentais, mudanças de humor, verbalizações, isolamento social e abuso de substâncias (drogas, álcool, etc.) são sinais de que a pessoa está buscando ajuda.

Mas como a pessoa se mostra no dia-a-dia?

Como vimos, as pessoas dão sinais de que não estão bem. As alterações comportamentais são mostradas quando a pessoa deixa de fazer coisas que anteriormente lhe dava prazer; deixa de fazer coisa, alegando que está cansada demais; ficam confusas para resolver problemas que antes eram facilmente resolvidas; tem muita dificuldade em tomar decisões.

As alterações de humor se mostram de forma drástica. A pessoa está otimista em relação a algo e tornam-se totalmente pessimistas. Ou são agitadas e eufóricas e passam a ser apáticas e lentas.

Nas verbalizações ou nos “alarmes verbais”, como chamamos, a pessoa começam a proferir a intenção de tirar a vida, que sua vida não vale nada, etc.. são sinais de que algo não está bem.

Uma das principais características do suicida é o isolamento social. O indivíduo deixa de frequentar reuniões familiares, profissionais, não procuram mais os amigos. Tem a solidão como sua principal companhia.

Por fim, os suicidas tendem a buscar o consumo excessivos de bebidas alcoólicas, medicamentos e outras drogas psicoativas. Estudos demonstram que pessoas com depressão ou outros transtornos relacionados ao uso de drogas têm 50% maiores de chances de cometer o suicídio.

Onde procurar ajuda?

No Brasil, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que foi instituída em 2011, pelo Ministério da Saúde, criou uma gestão integrada e descentralizada dos meios de atendimento que passa pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), passando por leitos de hospitais gerais e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU – Telefone 192) e outros serviços de urgência e emergência, com a finalidade de diagnosticar as necessidades de saúde em cada uma de suas áreas, de forma a organizar os cuidados em saúde mental e efetivar a atenção psicossocial às pessoas com ideação suicida e a seus familiares, por meio da elaboração de ações terapêuticas e monitoramento de cada caso.

Outra forma de buscar ajuda é através do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização não-governamental que atual em todo o país pelo telefone 188 (24 horas por dia, todos os dias) e também por meio de atendimentos presenciais, nas principais cidades de todos os Estados da federação.

Em caso de emergência, caso você se depare com alguém atentando contra a própria vida, ligue 192 para o SAMU ou 193 para o Corpo de Bombeiros.

Sua atenção e ajuda pode salvar uma vida. A vida é nossa melhor escolha. Sempre!