O pioneirismo do Centrinho de Joinville
Referência na área da saúde, Núcleo de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio Palatais completou 33 anos de operação
Iberê Condeixa, cirurgião plástico
Foi apenas em 1987, na primeira gestão do prefeito Wittich Freitag, que a saúde pública de Joinville ganhou status de secretaria municipal – até então, era um setor atrelado à Secretaria do Bem-Estar Social. Tive a honra de assumir a dianteira da pasta. Fui, portanto, o primeiro secretário da Saúde de Joinville. No segundo semestre de 1988, conduzindo as rotinas e projetos da nova secretaria, recebi a visita de uma senhora que trabalhava em uma grande empresa joinvilense, e que se queixava de ter que viajar todos os meses à cidade de Bauru (SP), levar o filho para tratamento de fissura labiopalatal no chamado Centrinho de lá. “Por que não temos um Centrinho aqui?”, ela questionava.
Ótima indagação, que nos mobilizou intensamente, em debates e reflexões, que envolveriam também a Secretaria do Desenvolvimento Social. E é então que surge a ideia – entre a dra. Márcia Petry, titular do Desenvolvimento Social, e eu – de buscar mais informações sobre como funcionava a instituição, no interior de São Paulo, reconhecida por seu alto grau de especialização na complexa área da reabilitação de lesões labiopalatais.
Resolvemos encaminhar, para Bauru, duas assistentes sociais da prefeitura, que lá permaneceriam durante dez dias, para entender melhor como os colegas paulistas viabilizavam o atendimento aos pacientes.
Foi a inspiração para percebermos que, sim, seria possível implantarmos uma estrutura semelhante em Joinville. Na gestão seguinte, o doutor Hercílio Rohrbacher, secretário da Saúde, daria continuidade às tratativas que culminariam na formação do Centrinho de Joinville, batizado de Núcleo de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio Palatais Prefeito Luiz Gomes.
Vale uma breve explicação: as fissuras labiopalatinas são os defeitos congênitos mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser humano, atingindo uma criança a cada 650 nascidas, de acordo com a literatura especializada.
Foi um privilégio, e algo que me orgulha até hoje, ter oferecido à saúde pública joinvilense um primeiro input para disponibilizar maior atenção ao problema da fissura labiopalatal. Importante observar que, até então, não havia cobertura para esses procedimentos pelo SUS, o que ampliaria enormemente o papel que a nova unidade iria desempenhar.
Passados um ou dois anos da criação do Centrinho de Joinville, recebi o convite para ser o cirurgião plástico, no corpo de profissionais que atuavam na instituição – evitando, assim, que os pacientes tivessem que viajar para outras cidades em busca desse atendimento especializado. Durante onze anos, atuei como cirurgião do Centrinho, fazendo todas as intervenções para correção de fissuras labiopalatais.
Na primeira fase, o Centrinho reproduzia, em Joinville, muito do que orientava o funcionamento do órgão existente em Bauru, no qual nos espelhamos. Com o passar do tempo, fomos criando vida própria, nos estruturando na área científica e técnica.
Realizamos inúmeros procedimentos, não só na área cirúrgica, mas também na de odontologia, além de tratamentos alternativos, trazendo um enfoque novo ao trabalho aqui realizado. Ou seja, a partir da criação do Centrinho de Joinville, verificamos um intenso desenvolvimento técnico, também nessa área.
Essa é, em síntese, a história do Centrinho, que já ultrapassou os 33 anos de existência. Trata-se de um dos maiores centros de tratamento especializado do Brasil, nesta área, certamente figurando entre os cinco primeiros do país, em volume de serviços. Pelos números da entidade, são mais de 5.200 pacientes fixos e 1.500 atendimentos mensais nas diversas especialidades de cirurgia plástica, fisioterapia, pediatria, psicologia, assistência social, enfermagem, odontopediatra, ortodontia, odontologia clínica, implantodontia, bucomaxilo, fonoaudiologia e técnico de prótese. Em Santa Catarina, 262 municípios têm pessoas em tratamento, de todas as idades, de recém-nascidos até adultos.
Desde a sua criação, o Centrinho atua na busca ativa dos pacientes fissurados, do nascimento até a idade adulta, oferecendo o tratamento completo, a começar pela parte não cirúrgica, passando pela cirurgia, a odontologia e todas as ações que o caso demandar. Quer dizer que, há mais de três décadas, o Centrinho de Joinville atua fortemente para devolver aos pacientes com fissura labiopalatal um direito inalienável do ser humano: o direito de sorrir.
Assessoria de imprensa. Jornalista responsável:
Guilherme Diefenthaeler
(reg. prof. 6207/RS).